Mensagem para os visitantes

Vamos divagar e esquecer os vossos problemas? Entrem e sentem-se, por favor.
Fiquem à vontade para entrar no meu mundo das histórias em verso.
Obrigada pela carinhosa visita.
Se gostou, comente.
Se não gostou... faça melhor!
Laura B. Martins

Páginas de informação a visitar
Clique em cada uma e veja abaixo dos posts

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Maldade e insensatez



A minha vida tem sido uma batalha.
Quanto mais fujo da maldade, mais me calha
ver cenas bem difíceis de observar.
Quisera, eu, mudar a minha casa
para local onde a violência não arrasa
tudo que mexe; ser feliz noutro lugar.

E, tristemente, recordei a cena atroz
que os obrigava a fugir do seu algoz
perus, galos, galinhas dum vizinho.
O filho dele, empunhando a caçadeira
matava, exibindo qual bandeira,
os animais e carregava-os p'lo caminho.

São os instintos maléficos do homem
que lhe permitem caçar e, assim, consomem
tudo que é belo e livre dentro dos países.
Dando guarida aos pequenos terroristas,
ensinam-se a matar. São as conquistas
dos homens de amanhã - uns infelizes!

Vejo-o pegar na malga da comida,
chamar a criação, a quem convida,
e dar-lhes pontapés. Que malvadez!
De fundo tão maldoso, este rapaz,
assusta-me. É preciso homem capaz
de o surrar bem e demonstrar-lhe a insensatez.

-----------------------
23/08/2007
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

terça-feira, novembro 20, 2007

Brancas flores



Branca neve nos cabelos...
flores d'árvores, no chão.
Ninguém ouve os meus apelos...
Os meus ais, como contê-los?...
É gelo, o meu coração!

Se as pisarem, pisem leve;
porque as almas são mimosas
e, pisá-las, ninguém deve.
São um tapete tão breve...
de brancuras perfumosas.

Lindas e infelizes filhas
de mãe árvore possante.
Seus destinos - a mantilha,
natureza-maravilha,
que até na morte é fragrante.

Ai, de mim... ai, do meu ser...
Ai, de quem não tem amor...
Viver feliz não poder...
agnóstica, em ninguém crer...
Cinzento, é a minha cor!

-----------------------------
12/09/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, novembro 10, 2007

Enquanto



Enquanto se veste
ao espelho virada,
enquanto se despe
de costas voltada,
por envelhecer
o corpo condena.
Já não é mulher
que dispõe, ordena.

Mais um ano passa...
e vê, descontente,
que quem hoje a abraça,
sorri e lhe mente.
Pelas costas nuas
sente um calafrio...
Diz verdades cruas
quem a possuiu.

Retira à idade,
talvez, 15 anos.
A leviandade
trouxe desenganos.
Pra casa, sozinha,
volta tão cansada!...
Cansada da vida...
da pele enrugada.

--------------------------
23/07/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quarta-feira, outubro 10, 2007

Quem boa cama faz...



Inveja uma amiga
quieta, calada,
a viver protegida
no seu lar, amada.
A mulher que, dantes,
achava que a vida
era ter amantes,
p'las noites perdida.

Fez muito dinheiro,
julgou ser alguém;
pra ter um parceiro
pago, hoje, também.
Vê outra passar,
os filhos p'la mão...
Resta-lhe rezar
a Deus o perdão.

Boa cama faz
e nela se deita,
quem seja capaz
de a fazer perfeita.

-------------------------
20/07/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quinta-feira, setembro 20, 2007

Publicidade enganosa



Dentro da minha revista preferida,
vinha uma folha solta e curiosa:
era publicidade conseguida
por técnicos, que a tornam enganosa.

Do TOTOLOTO, números correctos.
Lucros supostamente garantidos,
induzindo os leitores mais circunspectos
a encomendar a chave, coagidos.

Como se a sorte pudesse encomendar-se!...
E, matematicamente ser possível
vir parar-nos ao bolso, e comprar-se,

o número da fortuna apetecível.
O Zé Povinho, a congratular-se
rico e feliz. Seria isso crível?

-----------------------------
2/10/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

segunda-feira, setembro 10, 2007

Ponto d'encontro



E vêm-se as mulheres nos toilettes
pintando os lábios e os olhos; marionettes,
julgando-se melhores, com verniz.
Ajeitando os cabelos nos espelhos,
algumas, cujos rostos estão velhos,
empoam rugas e o brilho do nariz.

Preferem cores pretas, porque encobrem
muito mais as imperfeições. Até descobrem
que a moda é «andar sempre faminta».
De saltos altos, e artrite nos joelhos,
do médico, não seguem os conselhos;
revêm-se na magreza... duma cinta.

Riem como se a vida não pesasse;
e, aquela falsa alegria retirasse,
os desacertos do amor e da família.
Observo-as, de cabelo colorido;
ao lado, um homem calado, o marido
que pensa, talvez, em dar-lhe chá de tília.

É o Ponto d'encontro da mulher.
Jovem, (idosa que seja), se puder
aos homens novos truques aplicar
será eterna Eva, pobrezinha.
Feliz, moderna, mostra-se à vizinha;
finge pra amigas que não esteve a chorar.

-----------------------------
27/10/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sexta-feira, agosto 10, 2007

Emigrada



(Emília Stoica – Roménia)

Veio para Portugal
à procura doutra vida
que, no seu país natal,
não lhe era concedida.

Duras penas tem sofrido,
o coração muito chora;
deixou os filhos e, cheia
de coragem, veio embora.

É difícil aprender
o português, é verdade;
mas, já consegue dizer

4 palavras: saudade,
por favor e obrigada.
Chegam pra ser educada!

-----------------------------
21/10/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sexta-feira, julho 20, 2007

Limpa-garrafas vermelho (Callistemon



(Callistemon)

Um novo arbusto existe no quintal.
Limpa-garrafas, é nome que em Portugal
lhe dá o povo, ao admirar a sua flor.
Está forte, vigoroso, cheio de cor.

Muito direito, cheio de ramos espetados;
folhas compridas, verdes meio acinzentados.
Flores vermelhas, cada, uma escova redonda;
daí que, o verdadeiro nome, o povo esconda.

Vermelho vivo, com dourados nas pontinhas,
são a inveja de quem passa, e das vizinhas.
Pelos de escova, pronta para ser usada,
quando se quer uma garrafa bem lavada.

Encontro já, a terra colorida
e avermelhada, por tanta flor caída.
Reparo ainda, talvez, algo confusa
que, cada flor, a morte, ela recusa.

Só caem filamentos coloridos.
Na ponta, novos ramos exibidos
crescem, ramificados, e a flor
vai ficando pra trás, só perde a cor.

---------------------------
13/05/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

terça-feira, julho 10, 2007

Sem um tecto



Rua minha, tão pequena,
comparada co'a Avenida...
Se ainda tenho uma rua,
podes dizer: - Sorte sua!...
A minha é desconhecida!

Calado, pensas dizer-me
que o alto prédio, erecto,
alberga gente que tem
para contigo desdém,
porque vives sem um tecto.

Pensas: - Lá vivem os bons...
aqueles que te dão esmola!...
E, atrás da sua vidraça,
nem dão conta de quem passa...
vivem p'la mesma bitola.

Tão pequena e sossegada,
a minha rua serena
é o motivo desta queixa.
Mas, nela o porteiro te deixa,
pernoitar junto à empena.

------------------------------
10/09/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

domingo, junho 10, 2007

Cinco flores



Cinco vezes me bateram na porta;
irritada, levantei-me e abri-a.
Cinco caras alegres me fitaram;
pelas outras falando, uma dizia:

Somos as cinco flores, tuas amigas;
representamos o mundo, a natureza.
Como prémio, trazemos-te alegria;
deixa-nos numa jarra sobre a mesa.

Não precisamos de terra nem adubo,
nem água, nem de caules recortados.
Somos espíritos, auras coloridas;
satisfazemos desejos formulados.

Sabemos do carinho com que olhas,
sorris, amas e cuidas doutras flores.
Jamais cortaste alguma ou arrancaste
as pétalas, para contar amores.

No teu lar não existe a veleidade
de imitar-nos as cores ou a beleza
com plásticos, tecidos ou papel.
Preferes realismo, singeleza.

Aqui nos tens, amiga, para sempre.
Recompensamos tanto amor, assim.
Definitivamente, para casa,
trazemos-te o perfume do jardim.

----------------------------
15/01/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

domingo, maio 20, 2007

Mãe negra



Não venho versejar em choradinho,
nem arrancar-vos lágrimas amargas.
Eu venho, sim, com todo o meu carinho
mostrar essa mãe negra, p'lo caminho
levando, sorridente, as suas cargas.

Descalça, como foi habituada,
os cachos de bananas à cabeça.
Tão lindo, uma criança suportada
às costas da mãe negra, enrolada!...
Pano e vestido... talvez da mesma peça?!

Será, pensei, um luxo africanista?
Será uma vaidade de mulher?
Mas, não. Apenas obra idealista
desta mulher e mãe, que assim conquista
a moda, na costura; seu mister.

Com um sorriso aberto, dentes brancos...
cabelo negro encrespado, sem idade...
segue a deusa do ébano. Nos flancos,
carrega um príncipe negro, aos solavancos,
na passarela da sensualidade.

-----------------------------
30/11/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quinta-feira, maio 10, 2007

Morte na cercania (3)










Há morte na cercania,
mas os sinos não dobraram.
Era o último que havia,
dos pinheiros. A agonia,
as máquinas terminaram.

Quando eu chegava à janela,
eles sempre me acenavam.
Ao construírem aquela
enorme casa amarela,
por cima, os dois me espreitavam.

Verdes anjos protectores
no céu me acompanharão.
Gelou-me a alma. Os amores
das duas árvores, dores,
finalmente se unirão.

------------------------
16/04/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

terça-feira, abril 10, 2007

Morte na cercania (2)













Há morte na cercania,
mas os sinos não dobraram.
Pinheiros, que eu daqui via,
eram dois; mas, houve um dia
que um deles, seco, cortaram.

Finou-se, este meu vizinho.
Sempre me cumprimentava.
O outro, ao ver-se sozinho,
adoeceu. Pobrezinho!
Já quase nem me falava.

Ouvi dizer, que não tem
cura pra esta maleita.
Virá um dia, também,
que morrerá. Sei-o bem!
Ele, já mal se endireita.

-------------------------
15/04/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

terça-feira, março 20, 2007

Morte na cercania (1)










Há morte na cercania,
mas os sinos não dobraram.
E quem morreu neste dia,
era um vizinho que havia,
a quem os braços cortaram.

Uma lágrima pungente
pelo meu rosto escorreu.
Quem todos os dias sente
alguém, sempre ali presente,
nem crê que esse alguém morreu.

Do outro lado da 'strada,
vivia enorme pinheiro.
Árvore velha, cansada,
foi cortada, carregada
pelo homem, seu coveiro.

-------------------------
15/04/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, março 10, 2007

A floresta sem asas










A lua não tem poder
pra consolar o luar
que vê a floresta arder
sem lágrimas derramar.

A floresta não tem asas...
Branco luar... mausoléu.
Ela, pereceu... em brasas.
Ele, enegreceu... no céu.

Amantes de há muitos anos;
viviam em paz, felizes.
Raios de luar ciganos...

Copas altas, chamarizes.
Crepitam sons inumanos...
Restam chamas... cicatrizes.

-------------------------------
8/08/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, fevereiro 10, 2007

Guerreiras da paz

Avançam as guerreiras;
correrias,
de fogo. Pequenas mãos
baldes carregam;
e, de jardins, as mangueiras
trazem, ninharias...
lutam... esforços vãos...
no fumo cegam.

Mulheres portuguesas,
são pavoas,
enquanto o monstro se acerca
e tudo arrasa.
Do sexo fraco,
proezas de leoas;
antes que o demo lhes perca
as suas casas.

Espetos empertigados,
abraçadas...
ao ver a água desaparecer...
brandem ramos, cajados,
desoladas...
na triste mágoa
do fogo não deter.

-------------------------------

4/08/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, janeiro 20, 2007

Fogo






Eu vi... Portugal inteiro,
tomado pela emoção
quando, em Verão traiçoeiro,
esta terra num braseiro
se tornou, chorar em vão.

Porque o fogo, às escondidas,
brincava com todos nós.
Lambia as casas perdidas,
galgava serras, vencidas,
vinha... ao som da nossa voz.

É um bandido bonito,
assassino aterrador,
medonho e lindo; o maldito.
Acendem-no com um fito:
ver-lhe a beleza, o fulgor.

De línguas mil, o malvado,
é belo de estarrecer.
Labaredas de encarnado
e amarelo que, a correr,
lhe sustentam o bailado.

Serpenteia na floresta,
d'arvoredo centenário.
Eleva-se, ruge em festa,
colorido, desembesta.
Combatê-lo é um calvário.

------------------------
14/09/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Eu vi! Era assim...



Eu vi! Era assim... Quem dera que se mantivesse ainda!...
Paisagem de Primavera, Verão, Outono; tão linda
que o Inverno, se pudera, lá ficava... na berlinda.

Ninguém o tomava a sério. E a paisagem brincava
com quem, por gosto, critério, neve escolhia; pasmava,
na brancura do mistério que, ao sol, tanto calor dava.

Era assim o meu país... florestas, serras e prados
à mercê de quem mal quis. De Norte a sul, desvairados,
traçando uma bissectriz nos dividiram... queimados.

Foi numa linha de fogo que a minha pátria sangrou.
Em mãos criminosas; jogo, (que Portugal abalou),
de gato e rato. Um rogo pela chuva, se elevou.

Eu choro e me comovo com tudo que, de ruim,
fizeram à terra. O povo, seguirá em frente, sim.
Verá um Portugal novo quem pretendeu dar-nos fim!
------------------------------
18/08/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958