de manhã um pintassilgo, à tarde uma ferreirinha.
Amarelo-afogueado, a trinar, vejo um canário.
Ao sol posto canta o melro negro, aos saltos, temerário.
Respingam os verdilhões; fazem tamanho banzé
que eu fico meia tontinha. Daqui nem arredo o pé!
No chorão, a pardalada faz um barulho maluco.
E, talvez pra destoar posso, ao longe, ouvir um cuco.
A monocórdica poupa, incomoda toda a gente;
mas, o arrulhar dos pombos, já me deixa mais contente.
Lá pelas seis da manhã, inda tentando dormir,
oiço um piado mais longo. A quem o atribuir?
No emaranhado dos ramos, tem ave que ninguém viu;
mas, todo o mundo acordou, por causa daquele piiiiiuuuuu...!
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18/09/2005
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958