Sinto-me
um espantalho
e
vivo espantada;
de monstros
medonhos
e chamas cercada.
A seara ardeu...
as serras também.
Que me aconteceu?
Não sabe ninguém!
Foram-se-me os
ramos
d'árvores amigas.
Quem me paga os
danos?
Já não guardo espigas!
Manta de retalhos,
veste enegrecida,
queimada no fogo
que me poupa a
vida.
Espantalho de luz,
ardido de sol.
Quem, por entre o
fumo,
me leve
e console?
Já não espanto as
aves
porque aves não há.
Quem devia arder,
não se
encontra cá!
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30/07/2004Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958