Mensagem para os visitantes

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Laura B. Martins

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sábado, dezembro 10, 2011

Futuramente


As coisas que guardamos num armário,
compradas com um gesto perdulário
num momento qualquer de insensatez...
juntam-se a outras que nunca deitámos fora;
faltou coragem, bem sabemos disso agora,
de esvaziarmos o armário duma vez.

Abri as portas às recordações
porque, lá dentro, coisas eram aos milhões...
Voltei ao meu passado, ele aqui jaz.
Vieram à memória os instantes...
quase que estive lá, tal como antes...
e os anos voltaram para trás.

Havia uma boneca em porcelana,
até uma bandeira americana,
um lenço que era, já, quase um farrapo.
Uma mobília de sala, de criança,
um caracol de cabelo e uma trança.
Letras sumidas escritas num guardanapo.

Preenchida até meio, era uma agenda,
com todos os segredos que desvenda
de nomes, telefones, tempos idos.
Postais em branco, outro escrito por um amigo,
paisagens e lugares que investigo;
três visitei, os outros são desconhecidos.

Num assomo de dor, p'los anos findos,
obrigo-me a pensar: se foram lindos,
recordam-se. Não voltarão jamais!
Tralha juntar, de antigamente, para quê
se só a gente entende quando a vê?
Futuramente, é meu desejo viver mais!
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22/03/2007
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

domingo, novembro 20, 2011

Herança

Quando nos nascem os filhos, mil cuidados há que ter;
pra não legarmos sarilhos que, mais tarde, possa haver.

Ensinar-lhes o valor da cruel lida caseira,
é uma prova d'amor que nunca vai dar asneira.

Dentro do lar atrapalha um marido desleixado.
No dia a dia, a batalha é um legado pesado.

Nas costas duma mulher, é bem difícil tal cruz;
mas, se o marido quiser... o rosto dela reluz.

Alguns conselhos, apenas, fazem grande diferença.
Arrumar coisas pequenas se ensina quase à nascença.

Não custa tomar cuidados, ser gentil e extremoso.
E... aprender uns cozinhados... faz um homem amoroso.

Por isso, e sem mais intrigas, mães de futuros maridos:
Quem quiser noras amigas... Ensine os filhos queridos!

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10/03/2007
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

quinta-feira, novembro 10, 2011

Publicidade e bom tempo


Sumiu-se o sol, neste mês de Janeiro,
tão pródigo em neblinas, frio e chuvas.
Mas, quando o sol descobre por inteiro,
sento-me no jardim, retiro as luvas,
o lenço de pescoço, o casacão...
e aproveito este sol de Portugal
cujo calor deixa deliciados
os estrangeiros, de roupa informal,
admiradíssimos por ver agasalhados
os portugueses, com este calorão.

Faz tanto frio na Europa, em toda a parte,
que os atraímos pela publicidade.
Chegam turistas a este baluarte
de sol na rua, em casa frialdade,
por obra prima da "incivilização".
Ser turista, tem as suas vantagens.
E não mentimos em tudo, afinal
está sol, não se perderam as viagens:
«Que bom passar férias em Portugal,
metido em bom hotel e avião!»
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20/01/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

segunda-feira, outubro 10, 2011

Setembro


 


Rompeu o sol, surgiu vitorioso,
entre cúmulos e nuvens carregadas.
Brilhante, deslumbrante, esplendoroso
mesmo com ventos, granizos e geadas. 

Faltou o frio, porque Setembro é calmo e doce,
temperaturas amenas, ar lavado.
Assim seria, se esta semana não fosse
fruto da mão do homem desregrado.

Surgiu o sol, espreitou entre a camada
de nuvens, viu as roupas nos varais.
Nas ruas encharcadas, recolhida,
nariz de fora, muita gente nos portais. 

Então, o sol ralhou; mandou embora
as nuvens negras, a chuva, o temporal.
E disse: Quem manda sou eu, agora
vou secar tudo. Fora o tempo invernal!
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19/09/2002
Laura B. Martins

Soc. Port. Autores nº 20958

 

sábado, setembro 10, 2011

Quatro estações



A Primavera invernosa e friorenta
chegou; mas trouxe a cara rabugenta
de quem derruba pétalas de flores.

As pascoinhas floridas cambaleiam,
anunciam a Páscoa, remedeiam
um frio Inverno enjoado e sem cores.

Tudo que é belo é ameno e colorido.
Assim o julgo eu! Sempre me olvido
da neve, branca e fria, nas montanhas.

E no Verão... Demasiado sol, um calorão
caustica. Dá até a impressão
de nos queimar a pele e as entranhas.

Só do Outono eu gosto realmente.
Castanhos e amarelos, docemente,
invadem-nos os campos e jardins.

As árvores perderam colorido
e, dos frutos, já tudo foi colhido;
mas, novamente, rebentam os jasmins.
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21/03/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quarta-feira, agosto 10, 2011

Primavera equivocada


O jasmineiro eclodiu, primaveril.
Vivaz, ele se abriu em flores mil.
Milhares, encarniçadas, por florir;
exército perene, para abrir.

As abelhas, felizes, poisam nelas,
num zunzum de mulheres tagarelas.
Um grande abelhão negro que me assusta
adeja, de corpulência assaz robusta.

De folhas verde-escuro meio tapadas,
o jasmineiro explodiu. Entrelaçadas,
as guias galgam rede, galgam muro...
Abrir-lhe a minha porta, conjecturo.

Então, em casa... um perfume que perdura.
Paredes coloridas... de brancura.
Serena música d'abelhas, nos ouvidos;
enfim... inebriados os sentidos.

Suave Primavera que te ufanas
de chamares as flores, como te enganas!...
Já Portugal se vestiu duma cor quente...
e o 21 de Março, ainda ausente.
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14/03/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quarta-feira, julho 20, 2011

Clima ameno???

Parecem-me, tantas roupas,
folhas de couves tronchudas.
Ai, frio, que não nos poupas.
Vou fugir para as Bermudas!

Eu já nem me sinto gente!
Sou um porquinho engordado,
tal e qual cachorro quente
entre um pãozinho entalado.

As minhas mãos estão feias...
Pinga-me o nariz, gelado...
Uso 3 pares de meias...
Já nem me serve o calçado!

De camisola interior,
cheia de felpas e lã,
oiço na rádio um primor:
- Ventos frios para amanhã!!!!!!

Ligo o ar condicionado
que só faz mal à garganta.
Fica tudo constipado.
Na cama... mais uma manta!

O Inverno assim se passa,
no país de ameno clima.
De dia, um sol que ameaça.
À noite, um gelo se arrima!
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4/02/2007
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

domingo, julho 10, 2011

Envelhecer!














(Envelhecemos como vivemos)


A idade refina o ser humano;
define, exagerando, o intelecto.
Quem era extrovertido, espalha brasas...
não passará decerto, a ser discreto.

Aqueles que, durante a vida toda,
viveram inactivos, preguiçosos...
é certo na velhice se encolherem;
e ficarem parados, ociosos.

Outros, de tão nervosos fura-vidas,
que trabalharam duro a vida inteira...
não envelhecem quietos; mesmo que
um acidente os amarre a uma cadeira.

Ainda há uns outros que pensavam
ser a vida sem regras, ilusões,
e a culpam. Não encontram que fazer...
envelhecendo absortos e podões.

Quem sempre achou um modo de viver
enquanto, distraído, produzia...
decerto, vai ter um envelhecer
a trabalhar; fazendo o que fazia.
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5/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sexta-feira, junho 10, 2011

Romaria da Saudade - Requiem

(Saudades de Jacoba, desaparecida em 15/09/2002)

Quem relembra um amigo, algures perdido...
num tempo atrás... com as saudades se desgosta.
Seria bom recostar-se e, absorvido,
lembrar-se que a saudade é dor imposta
por quem nos deixa e jaz, adormecido,
no nosso coração. É dor suposta!

Mais uma vez encontro, minha amiga,
doce mensagem que desperta o meu sentir.
Quando o trabalho de pesquisa a isso obriga,
revolvo tudo que consigo reunir.
Há muito tempo está guardada, é antiga;
mas algo, ainda, consegue transmitir:

«Os amigos não morrem nunca mais.
Permanecem intactos na lembrança
de quem os desfrutou; e tão reais,
que até os nossos ais viram bonança.
Porquanto a dor não existe, atabafais
os soluços e o pranto sem tardança!»

Para você, minha amiga, a despedida:
- Desejo-lhe um descanso merecido.
Que a Paz de Deus lhe seja concedida,
tudo nos céus lhe seja colorido;
igual ao ramo de rosas que, doída,
deixo no fim do poema, tão florido.
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20/12/2003

Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958




terça-feira, maio 10, 2011

Aniversário de casamento (40 anos)













Marca as horas um relógio, na estação antiquada.
Tal como eu, um comboio passa vazio, sem nada.

Vejo as linhas paralelas unidas no horizonte.
Passaram 40 anos... Restam-nos rugas na fronte.

Passagens boas e más. Sobras dos nossos destinos:
Dois filhos e a moradia à qual vivemos unidos.

Os filhos seguem à toa. Buscam nas suas raízes
o que puderam herdar... Que os pais, serem mais felizes.

A casa fica de pé. Quando um dia, partilhada,
o recheio será vendido. Nosso? O que sobrar é nada.

Fotografias antigas... (penso nisso, algo repesa).
O futuro é uma gaveta e uma ou duas sobre a mesa.
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24/11/2007
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

domingo, abril 10, 2011

ANIVERSÁRIO! Ai, ai!

Hoje, aniversariei!
Nem vou dizer quantos fiz.
Seis décadas já passei;
mas, olhem que ninguém diz!

Por fora, a gente se enfeita
desde o bâtom ao cabelo.
Por dentro, é que não se ajeita.
É difícil concebê-lo!

Sobe, a perna, um pouco menos.
Doem as costas, enfim!...
Se a quantidade for menos,

da água... queixa-se o rim!
Na boca meto venenos?
O fígado diz que sim!
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22/07/2005

Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

domingo, março 20, 2011

Aniversário!












Fazer anos e mais anos
é ver a vida passar.
Em novos: - Nunca mais chego!
Em velhos: - Irei chegar?

Fiz ano! Que grande seca!
Faço um de cada vez.
Se pensar em ‘fazer anos’,
penso num em cada mês.

Todos juntos, já são muitos.
Mas, tem gente sem juízo:
- Diga lá, quantos me dá?
Que os tirem, é que é preciso!
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6/08/2001
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

quinta-feira, março 10, 2011

Em algum lugar do passado!

É certo possuirmos um passado
que num lugar ou noutro aconteceu.
Enquanto uns desejam voltar a amar,
há outros desejosos de olvidar
que o companheiro ou o amor morreu.

No coração, memórias bem guardadas,
que a imaginação, teimosamente,
insiste em nos fazer avaliar,
com a vida corrente comparar,
aquele amor perdido inda presente.


Mas, ai de nós, se morreu a esperança
de vivermos em pleno o dia a dia.
Por um amor jamais concretizado,
vivemos enganados p'lo passado...
Nem damos por que a vida está vazia!


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04/07/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Vozes do Além

Se tentas recrear situações,
verás que o paladar é diferente;
já não serão as mesmas sensações.
Nunca se volta atrás. Vive o presente!

Se as vozes do passado te acompanham
e, escondidas ainda tens, também,
fotografias antigas que emaranham
e te perturbam a vida, sabes bem...

Contabiliza os motivos. Friamente,
acerta a matemática. Futuro
e Passado dispõe na tua mente;

colunas separadas com um muro.
No Deve e no Haver eis, finalmente:
Nada, ao Passado, deves. Te asseguro!

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18/07/2005
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Tempo perdido...

Recordo quando era nova
e o tempo uma eternidade.
Tinha o dia tantas horas ...
Ai, meu Deus! Quanta saudade!

Pró Natal, faltava muito.
O aniversário, não vinha.
Eu até achava longo
de manhã para a tardinha.

Se tinha uma festa à noite,
de manhã já estava ansiosa
que passassem essas horas
de vida tão preciosa.

Agora, os anos são meses,
as semanas vão-se embora.
Fico triste, hoje, se às vezes,
dou por perdida uma hora!

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17/08/2001
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Nós... Duas amigas virtuais!


Lembras-te amiga, do tempo de garotas?
E das partidas... de sermos tão marotas?
Lembras-te amiga, daquelas confidências
que se faziam, com muitas reticências?

Lembras-te amiga, daquele namorado
de quem tu rias, cair por ti babado?
Lembras-te amiga, dos filhos que nasceram
enquanto a gente lia... e-mails, e cresceram?

Lembras-te amiga, das fotos enviadas?
Foram centenas, revistas, comentadas...
Lembras-te amiga, das lágrimas caídas
e dos desgostos, tidos nas nossas vidas?

Lembras-te amiga, de tanta vez dizermos
que nos gostamos, por nos compreendermos?
Lembras-te amiga, dos primeiros cabelos
brancos? Quanto, vociferaste, ao vê-los?

Lembras-te amiga, e minha companheira,
que não me importo de seres brasileira?
Lembras-te amiga, de mostrarem estranheza
outros amigos, porque eu sou portuguesa?

Lembras-te amiga, de tanto desejarmos
secar o oceano e, enfim, nos abraçarmos?
Lembra-te amiga: O amor vence barreiras.
Grandes amigas... derrubam as fronteiras.
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27/08/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958