Mensagem para os visitantes

Vamos divagar e esquecer os vossos problemas? Entrem e sentem-se, por favor.
Fiquem à vontade para entrar no meu mundo das histórias em verso.
Obrigada pela carinhosa visita.
Se gostou, comente.
Se não gostou... faça melhor!
Laura B. Martins

Páginas de informação a visitar
Clique em cada uma e veja abaixo dos posts

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Chantagem

Sou aquela despida de roupagens.
Sou aquela que vive no Além.
Sou aquela de quem tu tens imagens
mas, por ti, sente apenas o desdém.

Eram fotos antigas, quando nova,
na ilusão do amor que prometias.
De nada servem, isso nada prova.
Hoje, madura, vejo que mentias.

Chantagem tentas, agora, arrependido.
Mostras as fotos de um amor envelhecido,
não sabes que o AMOR tudo ultrapassa.

O homem que vês hoje, do meu lado,
não quer saber dos erros do passado;
é verdadeiro, não mente quando abraça.
--------------------------
5/10/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, novembro 20, 2010

Prendas simples


Costumam ofertar-me flores obtidas,
compradas, numa florista qualquer.
Mas as mais lindas prendas, conseguidas
nos meus aniversários de mulher,

são a «Dama da noite», bem mansinha,
que de flores se recobre, devagar.
E, mal o mês de Julho se avizinha,
estende os ramos; os Parabéns quer dar.


Pejada de florinhas amarelas
perfuma as minhas noites, sossegada.
Mesmo as caídas no chão, eu pego nelas,


espalho-as nos canteiros, repousadas.
De todas, são estas prendas singelas
que duram um Verão, as mais amadas.
-------------------------
22/07/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

quarta-feira, novembro 10, 2010

Ilusão!

Nessa mulher de costas, meio despida,
prementes brotam chama e labareda.
Não lhe interessa ter corpo de vendida...
nem sabe quantos homens embebeda.

Revê-se em belo corpo, ainda jovem...
ignora a ameaça de amanhã.
Ter rugas... e cabelos que embranquecem...
não lembra à bela jovem cortesã.

Tocam desenfreadas campainhas:
de dois ou três celulares, do gravador.
Nem dão por nada no prédio, as vizinhas,

porque só um tem a chave, o seu senhor;
que vem, pela calada das noitinhas,
tomar dinheiro ganho sem amor.

--------------------------
1/10/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

segunda-feira, setembro 20, 2010

Males do mundo

O teu versátil modo, perdulário,
é maravilha de vocabulário
cujo lirismo jamais possuirei.
Os meus poemas simples, são apenas
palavras minhas, e nem sempre serenas.
Talvez inveje a tua verve, sim, não sei.

Sei que gosto de ler e usufruo
da tua veia artística; amuo,
pretendendo alcançar-te o pedestal.
Escreve poeta, para que eu aprenda
seguindo a sombra, pela tua senda.
Corrige-me, poeta, se andar mal!

Ensina a ver pelos olhos d'alguém
cuja poesia sempre se mantém
à tona, se o navio naufragar.
Diz-me poeta, como discernir...
Males do mundo... como me evadir
se os olhos nublam e teimam em chorar?

-------------------------
3/02/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sexta-feira, setembro 10, 2010

Salvar um pinheiro


Era um pequeno pinheiro verde claro,
meio seco num vaso, moribundo.
Tive dó, retirei-o. Não é raro
morrer-se à vista doutros, sem amparo;
quase ninguém se importa neste mundo.

Num bonito canteiro o enterrei.
Um lado, já completamente seco,
virei-o prà parede. Então, falei:
- Recompõe-te! Água e terra te darei.
Que em ti estas palavras façam eco!

Na companhia das lindas margaridas
brancas, enormes, deixo que o entrelacem.
Sinto apostas latentes nessas vidas...
com beleza retribuem-me as lidas...
E ele cresce, pois não quer que o ultrapassem.

Diariamente o observo e elogio.
Vejo que faz p'la vida e se embeleza.
Reparo: Ele está lindo, verde, esguio.
Afasto-me ensaiando um assobio.
É fácil fazer bem sem muita reza.
-------------------------
17/07/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

terça-feira, agosto 10, 2010

Dia de faxina













Ai, que tristeza me dá ao ver um homem deitado!...
Se for cansaço... inda vá! Mas, por preguiça... Coitado!
Pobres de espírito, esquecem de exemplos aos filhos dar.
Filhas, com mães se parecem. Filhos... onde ir copiar?

Há homens que se comprazem no lar: comer e dormirem.
Há mulheres que tudo fazem. As coitadas... que se virem!
Cargas nas costas, tormentos; tanta coisa prà atender.
Martírios de casamentos. Como com eles viver?

Vidas a dois, se desdobram num constante guerrear.
Se os homens sexo lhes cobram... Nada têm pra ofertar!
Mulher, um ser delicado, funciona 100%
se um homem for dedicado à casa e ao casamento!?!?

E desligar a TV, por favoooooor!!!!!!

-------------------------
21/07/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

terça-feira, julho 20, 2010

Escrever... de manhã.


















Assim, eu me demoro p'la manhã...
em nostalgias, e camisa de dormir.

Na madrugada fresca, uma maçã
trincando, ouvindo abelhas a zunir.

Olhando p'la janela a passarada,
vai e vem de cores, pressas, desatinos...
Saudosa, lembro a época passada
dos filhos homens, ainda pequeninos.

O sol rompe a neblina, esplendoroso.
Recorda mais um dia no começo.
Voando, um melro transporta, carinhoso,
pauzinhos para o ninho, e me enterneço.

Formigas, num carreiro apressado.
Osga chapada, no muro já bem quente.
Enquanto um bando de pombos, no telhado,
alisa as penas. Ao longe passa gente.

Recolho um vestido no varal
pendurado, indolente, a balançar.
Céleres correm as horas, pra meu mal;
nada escrevi, distraída a observar.

-------------------
28/07/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, julho 10, 2010

Excepcionais (2)

(Dedicada ao Jr. e a todos os excepcionais)












Por excepcional te tenho, em conta.
Deficiente é quem te olha, quem te aponta,
inconsciente, e de franzido sobrecenho.

 

 

Os filhos excepcionais são como a perna doente
que anda sempre com a gente, embora doa demais.


Connosco ficam, naqueles tempos normais, em crianças;
jamais as suas andanças separam, pai e mãe, deles.

Segue-se uma juventude de apoio, lágrimas, dor.
Fazemos seja o que for... até mudar de atitude.

Contrariados, rogamos pragas ao Demo, ao futuro;
- Demónio, que te esconjuro! Mal vivendo, caminhamos.

Na meia idade, os projectos já são, ou se perspectivam,
concretos. Se realizam, sonhos de casais, nos netos.

E achamo-nos infelizes, por vivermos diferente
dos outros que, com a gente, lidam. Temos cicatrizes.

Há sacrifício diário, uma revolta latente.
Pensar que, sem nós, na frente de tais filhos... um calvário.

Mas, de repente, a magia especial, calma e vibrante
dum qualquer preciso instante faz, da nossa noite, dia.

Vai-te, desgosto profundo! Vai-te dor! Vai-te agonia!
Entramos em sintonia co'a missão tida no mundo.

Cumprimo-la, convencidos que «ao menino e ao borracho,
põe-lhe Deus a mão, por baixo». Vivamos, agradecidos!

---------------------------
16/01/2004

Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quinta-feira, junho 10, 2010

Perfumes naturais













Hoje, acordei cedinho. Perfumado
tinha o quarto; suavemente doce.
Abri as persianas. Sossegado,
parado o vento, como se nada fosse.

Só a ligeira brisa, de marota,
transportava no corpo tal odor.
Entrava pelas frestas, qual garota
com ar jovem, feliz, renovador.

Vestia belo manto, espesso, leve,
(com flores mil e uma - é Primavera);
de jasmins, o toucado cor de neve.

Há, talvez, na brancura que exagera,
um certo ar d'Inverno. Mas, em breve,
doutras flores, a cor nos recupera.
--------------------------
2/04/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quinta-feira, maio 20, 2010

Desculpem o atraso


Conheço bem a sala do banquete:
tons de camurça e beige. Uma lareira
crepita ao fundo, e dá um certo ar.
Acolhedora e chique vai dar-me um ralhete
a nossa anfitriã, de brincadeira,
por ter chegado tarde pra jantar.

Ouvem-se vozes, num sussurro indiscreto.
Há um piano, à esquerda de quem entra...
bela carpete, macia no pisar.
Vou beijando um a um com muito afecto.
Junto à janela, um grupo se concentra
em desafios de lindo versejar.

Indiferente, ao piano alguém se senta,
disposto a recordar, espairecer,
nos sons deixar-se embriagar.
É fascinante, a música que tenta
inconscientemente oferecer...
não buscar perfeição para agradar.

Talvez eu seja antiga no meu gosto,
de música-ambiente e de conforto.
Talvez eu seja antiga no trajar.
Mas amo dum amigo ver o rosto,
semi-cerrar os olhos e, absorto,
nos píncaros da lua poetar.

--------------------------
21/02/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

segunda-feira, maio 10, 2010

Monstro










Existe um monstro medonho,
de unhas compridas e chifres,
dentes enormes. Suponho
que sempre o viste risonho...
e tal coisa não decifres.

Tem pelos, penas ou escamas...
ficção que alguém inventou.
Existe um monstro que inflamas,
quando dizes que me amas...
e, juntos, não resultou.

É o monstro da loucura,
ódio, rancor, incerteza,
canibalismo, amargura.
Eu sou um monstro, insegura.
É monstruosa, a tristeza!

Salta-me de qualquer canto.
Amedronta a minha noite.
Sonolenta, me levanto:
busco o meu terço, porquanto
não quero que em ti se acoite.

Vives feliz, e não sabes
quanta ansiedade insensata
há, neste peito onde cabes;
mas, disso nunca te gabes
porque, este monstro, te mata.

--------------------------
11/11/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, abril 10, 2010

Pequenas felicidades











A minha rua é pequena;
mas não invejo as maiores.
Sou feliz e vejo nela
pormenores sedutores.

Não tem palmeiras da praia,
mas tem outras. Na verdade,
trazem um pouco de verde
ao concreto da cidade.

Quando espreito da janela,
procurando a lua cheia,
vejo a lua pequenina
que em cada poste se ateia.

Talvez a água corresse
em tempos idos.. outrora.
Imagino-a nas torneiras;
onde, capturada, chora.

Tenho esta capacidade:
o que vejo transfiguro.
Não vou morrer p'lo passado...
Quero viver o futuro!

--------------------------
10/09/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, março 20, 2010

Quanto basta(q.b.)










Já nada espero da vida;
pra mim, tem sido madrasta.
De felicidade havida,
nem sequer um q.b. (quanto basta).

Das mãos cheias de esperanças
com que vim a este mundo,
só me restam as lembranças;
e, no passado me afundo.

Estrelas, vejo-as no céu.
Hoje, já nem as alcanço.
Sonhos, saco que rompeu.
Faço da vida o balanço.

Recordações, quantas tenho
no meu baú, bem guardadas?
De pensar nelas me abstenho.
Tremo de as ver desbotadas.

Vejo-as desfeitas, em pó;
e, perdendo as estribeiras,
eu morro. Vestem-me só
um lençol sem algibeiras.
--------------------------
20/03/2005
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quarta-feira, março 10, 2010

Anjo-Demónio











Dentro de mim, eu sei, há um demónio
que prospera enquanto me arruina.
Se canta, dança e toca num harmónio...
isso já eu entendo - é minha sina!

Sorte de cada um! É complicado
saber o que escreveu Deus, e não leu.
Deixou nas minhas mãos um atestado...
caligrafia que nem mesmo Ele entendeu.

Traçou, com linhas tortas e direitas
nas mãos, quanto lhe aprouve oferecer-me.
E vieram ciganas, contrafeitas,
dizer nada de bom terem pra ler-me.

Ah! Destino cruel, impiedoso!
Ah! Monstro de chifres afiados!
Porque me atiras num charco pantanoso
e me carregas, nas costas, os pecados?

Enquanto isso, tu sondas-me, investigas;
iludes-me, dizendo ser eterno
um caminho de flores. São urtigas!
Pretendes que mergulhe no Inferno!
--------------------------
11/08/2004
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Primavera invernosa










Que triste se me afigura o céu cinzento
quando nas frinchas das janelas sopra o vento,
a chuva gélida cai no empedrado...

Que triste dia onde o sol não despontou,
só castelos de nuvens arrumou...
de nevoeiro, o horizonte está toldado.

Há nuvens baixas, ao meio cortando a serra;
fantasmagórica paisagem que, na terra,
invade tristemente os corações.

Um avião, lá bem no alto, sobrevoa
a minha casa. Não se vê, somente atroa
os ares, e do sol possui visões!

Fechada no conforto do meu lar
vêm, à mente, os pensamentos assomar,
e conjecturo sobre a felicidade.

Devia ser feliz! Há muita gente
a morar em barracas e, contente,
reage bem à infelicidade!
--------------------------
24/03/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Ao espelho














É assim que morre o sonho...
o corpo... a alma da gente.
Assim se morre, suponho,
dia a dia, impunemente.

Quem assim tanto repara,
se preocupa ao espelho,
na sua mágoa declara
«desgosto de ficar velho»,

é porque não tem ao lado
alguém para se amparar
e rir, do facto gozado,

de ter tudo a desabar.
Destino é pra ser levado
pouco a sério, a brincar.

--------------------------
19/10/2005
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

domingo, janeiro 10, 2010

Rosto marcado













No rosto ostento as marcas do destino

e, nos cabelos, os traços dum passado.
Olheiras, são da noite em desatino,
quando os sonhos se deitam ao meu lado.

Encontram-se as tormentas, trovoadas,
no meu leito; tremendas e medonhas.
Esvoaçam na mente, endiabradas
aves de negras penas e vergonhas.


Há finos ramos quais braços desnudados,
iguais a trepadeiras que amarinham !...
São rugas. Amoreiras em valados...
Em vez de frutos darem, me definham.


Cruel destino d'águia sedutora,
em cujas asas me afasto, no infinito.
Voamos livres. Sou eu a condutora
à terra firme presa, num conflito.


Deixam as sombras no olhar entrever
que a rubra boca vai soltar-se, tagarela.
Mas, no receio do que possam dizer,
a sete chaves me fecho: eu e ela!


-------------------------
9/02/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958