d'alguns homens bem falantes:
políticos, vaga-lumes,
amigos de 'bens sonantes'.
Estão confusos os rancores
do pobre, que só labuta;
e vê, cobertos de flores,
os 'filhos da prostituta'.
Estão confusos empregados
à porta da Assembleia,
em greve; e, o seu deputado,
lá dentro só cabeceia.
Estão confusos? Salazar,
teu tempo era de trabalho!
Não se viam a fechar
firmas de 'patrão bandalho'.
Estão confusos os que pedem
a volta Salazarista;
mas é só porque já fedem
as promessas d'o golpista'.
Estão confusos os irmãos
e compadres portugueses;
porque ninguém dá a mão...
e há cada vez mais burgueses.
Estão confusos, nesta hora
de liberdade fictícia,
os portugueses que agora
nem confiam na polícia.
Estão confusos os heróis
daquém e dalém do mar;
varam luas, varam sóis,
e não conseguem voltar.
Estão, confusos emigrantes,
loucos para regressarem
à terra dos navegantes;
para nela se enterrarem.
Estão confusos, os sentidos...
porque a vida está confusa.
Estão confusos os bramidos
da terra-mãe, da 'mãe lusa'.
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6/12/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
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