Mensagem para os visitantes

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Laura B. Martins

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terça-feira, julho 20, 2010

Escrever... de manhã.


















Assim, eu me demoro p'la manhã...
em nostalgias, e camisa de dormir.

Na madrugada fresca, uma maçã
trincando, ouvindo abelhas a zunir.

Olhando p'la janela a passarada,
vai e vem de cores, pressas, desatinos...
Saudosa, lembro a época passada
dos filhos homens, ainda pequeninos.

O sol rompe a neblina, esplendoroso.
Recorda mais um dia no começo.
Voando, um melro transporta, carinhoso,
pauzinhos para o ninho, e me enterneço.

Formigas, num carreiro apressado.
Osga chapada, no muro já bem quente.
Enquanto um bando de pombos, no telhado,
alisa as penas. Ao longe passa gente.

Recolho um vestido no varal
pendurado, indolente, a balançar.
Céleres correm as horas, pra meu mal;
nada escrevi, distraída a observar.

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28/07/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

sábado, julho 10, 2010

Excepcionais (2)

(Dedicada ao Jr. e a todos os excepcionais)












Por excepcional te tenho, em conta.
Deficiente é quem te olha, quem te aponta,
inconsciente, e de franzido sobrecenho.

 

 

Os filhos excepcionais são como a perna doente
que anda sempre com a gente, embora doa demais.


Connosco ficam, naqueles tempos normais, em crianças;
jamais as suas andanças separam, pai e mãe, deles.

Segue-se uma juventude de apoio, lágrimas, dor.
Fazemos seja o que for... até mudar de atitude.

Contrariados, rogamos pragas ao Demo, ao futuro;
- Demónio, que te esconjuro! Mal vivendo, caminhamos.

Na meia idade, os projectos já são, ou se perspectivam,
concretos. Se realizam, sonhos de casais, nos netos.

E achamo-nos infelizes, por vivermos diferente
dos outros que, com a gente, lidam. Temos cicatrizes.

Há sacrifício diário, uma revolta latente.
Pensar que, sem nós, na frente de tais filhos... um calvário.

Mas, de repente, a magia especial, calma e vibrante
dum qualquer preciso instante faz, da nossa noite, dia.

Vai-te, desgosto profundo! Vai-te dor! Vai-te agonia!
Entramos em sintonia co'a missão tida no mundo.

Cumprimo-la, convencidos que «ao menino e ao borracho,
põe-lhe Deus a mão, por baixo». Vivamos, agradecidos!

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16/01/2004

Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958